26 de dezembro de 2008

Cultura da (des) informação

1 comentários

Toda palavra se reveste de significações. Algumas são ingênuas, outras, profundas e capciosas, hábeis em esconder ideias ou emitir conceitos que se desejam apenas esboçar, sem comprometimento. Tal necessidade tomou forma a partir do momento em que o homem se deu conta de que fazia parte de uma sociedade feita de regras de conduta e que dependia do ato de se comunicar com os outros para conquistar posição social, política e econômica.

Os discursos, por sua vez, são práticas sociais e exercem papel importante nessa conquista, que, em grande parte, envolve uma disputa por um determinado tipo de poder. Nesse jogo de palavras, acontece uma “dança bélica” que conduz os mais bem-articulados, à vitória. O objetivo de informar, pressuposto de todo veículo de comunicação é, então, posto em segundo plano para emergir a hegemonia ideológica atuante.

De acordo com Sérgio Luiz do Amaral Moretti (1999), os Meios de Comunicação de Massa devem cumprir um importante papel, que é preparar as pessoas para o exercício de seus “direitos humanos, dos direitos de cidadão, ou seja, dos direitos civis, sociais e políticos”. Os MCM se propõem, socialmente, preencher lacunas deixadas pelas instituições educacionais, isto é, formar o cidadão para o exercício da cidadania. Contudo, tomam posições partidárias forradas, hipocritamente, de caráter imparcial.

Para Cáceres (1987b), uma boa parte dos brasileiros não usufrui de uma cultura política, a qual se defina pela “relação entre conhecer e fazer” (apud PERRUZO, 2006). A gênese desse problema se encontra na educação de base, maltratada pelo poder público, que se não é agente ativo do seu declínio, é culpado por permitir uma gestão inábil. Essa ignorância se torna crônica à medida que os próprios veículos de informação, ao prestarem serviços à comunidade, colocam essas ações praticadas como favores a sociedade e não como uma obrigação regida pela lei de concessão pública. Como, então, exigir que o cidadão desempenhe seu poder pelo voto, ao eleger seu representante, se desconhece os preceitos fundamentais que constituem o sistema político?

E para que haja uma compreensão melhor sobre o tema aqui tratado, é preciso trazer algumas discussões acerca do papel que os meios de comunicação desempenham. Para Valter Rodrigues na obra Comunicação na Polis, (2002, p. 209), “os meios de comunicação seriam, assim, a principal, para não dizer a única, tribuna democrática na qual o debate público entre o Estado e sociedade civil poderia se realizar”. De acordo com Heloísa Matos, na mesma obra, se vivencia uma “cultura de massa”, onde as figuras políticas se mostram em seus grandes papeis. “O político foi se tornando um novo tipo de star, o processo político atingindo a forma de espetáculo” (2002, p. 227), haja vista o desinteresse do homem comum para o cotidiano dos políticos.

À mídia é dado o papel de “experienciar e conhecer a vida, a realidade e o mundo”, afirma Antônio Rubim (2002, p. 48). Portanto, cumpre a função sociabilizadora nas relações entre os indivíduos; modifica sua cultura e cria um espaço com formas de palco, onde o mais importante é entreter do que informar.

1 comentários:

[Professor Carlão] disse...

Por falta de leitura a "massa" se conforma com o que ouve e vê. A cultura é imposta como se fosse "miojo" que para ser industrializado tem seu líquido retirado, para ser adicionado quando for consumir. O problema está no "preparo" para o consumo da informação. Sem a leitura falta o discernimento para recolocar a quantidade certa de razão!