Gisela Swetlana Ortriwano (1948 - 2003) formou-se em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e em Jornalismo pela Escola de Comunicação e Artes, ambas da Universidade de São Paulo. Além das atividades didáticas nas áreas de Jornalismo

Na retrospectiva da implantação do Rádio no Brasil, Ortriwano disseca sua gênese cultural e educativa, idealizada nos anos 20 por Roquette Pinto e Henry Morize, mas obstruída tanto pelo custo econômico de seus aparelhos receptores quanto pela programação, direcionada não para as grandes massas, na sua maioria analfabeta, mas para uma elite.
A necessidade de transformar comercial a transmissão radiofônica logo se fez
imperativo. O que antes devia ser erudito, educativo e cultural, tornou-se popular e comercial. Nesse contexto, as atenções dos empresários e chefes partidários se voltaram para as potencialidades do Rádio, não apenas como um canal mercantilista mais também como um mecanismo de controle do corpo social, defende a autora da obra.
Com o surgimento da televisão, a era de ouro do Rádio termina. As grandes produções dão lugar à música e aos programas de notícia. É diante desse contexto que surge os grandes nomes do rádiojornalismo no Brasil, tais como o “Repórter Esso”, o “Grande Jornal Falado Tupi” e o “Matutino Tupi” entre outros. Junto a esse processo, as inúmeras emissoras (AM e FM) existentes se

Ortriwano também apresenta a situação da radiodifusão no Brasil, discute as leis de concessões brasileiras cujo círculo vicioso deixa à margem as grandes massas que se veem obrigadas a buscarem na clandestinidade vias de se fazerem ouvir.
A autora afirma ainda que “o Brasil ocupa o segundo lugar no quadro mundial de emissoras instaladas, superado apenas pelos Estados Unidos” (1985, p.37). O sistema de exploração da radiodifusão que o Brasil se enquadra é o sistema pluralista, existindo também, por outro lado, o sistema de monopólio ou autoritário, sendo que o papel social do sistema de exploração da radiodifusão se diferencia tanto quanto às funções (coleta de informações; expressão de opinião; função econômica e de organização social, entretenimento e distração, psicoterápica, ideológica, etc.) como quanto às doutrinas (demagógica dos publicitários; culturalista; dogmática e sóciodinâmica).
Agora, o Rádio é definido, segundo a autora, como objeto e, tem sua participação na sociedade delimitada tanto quanto ao poder público como quanto ao poder publicitário. São a esses poderes que o Rádio precisa provar que é eficiente em alcançar seus objetivos atuais: “o de atingir o ouvinte, o consumidor dos produtos e serviços anunciados” (1985, p.57). Portanto, são os poderes internos, econômicos e internacionais que definem qual conteúdo será disseminado pela radiodifusão.
A autora da obra utiliza os estudos de Faus para conceituar a mensagem radiofônica como mensagem possuidora de características específicas quanto à função do meio, dos componentes da mensagem, do ouvinte e do receptor. Já no tocante a estrutura, esta possui linguagem oral, de intensa penetração geográfica, possibilitando sua recepção em qualquer lugar, além de ter custo baixo em relação aos outros meios de comunicação. Sua mensagem estimula a participação do ouvinte por meio “de um diálogo mental” (1985, p.80), cuja forma imediata e instantânea atinge o receptor a qualquer hora, sem que este ouvinte esteja necessariamente fechado entre quatro paredes e preso a quilômetros de fios.
Já no final de sua obra, após tecer algumas definições que ilustram o dia-a-dia nas redações de rádio, Ortriwano faz um alerta sobre os critérios utilizados nos enquadramentos da notícia, e arremata ao verbalizar Somavía que “a informação é uma função social” (1985, p.113) que nunca deveria estar ligada as ideologias do mercado capital.
Gisela Swetlana Ortriwano avalia de modo cuidadoso a fotografia histórica, política e social

A informação no Rádio: os grupos de poder na determinação dos conteúdos, obra da já falecida, Gisela Swetlana Ortriwano, é de grande importância nas praças acadêmicas, pois trata com propriedade, segurança e altíssimo grau de síntese, o universo que se desenvolveu a informação no Rádio. Leitura agradável, de vocabulário sóbrio e de fácil assimilação, recomendada a todos os estudantes de Jornalismo, profissionais da área e curiosos sobre a história do Rádio no Brasil.
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