6 de agosto de 2012

Apresentação do Livro-reportagem Na Busca dos Desaparecidos: a esperança ainda não morreu

0 comentários
"A busca pelas próprias verdades é o maior objetivo de quem some pelas ruas da cidade. Encontrá-los é a missão de quem os querem bem" (R.Lira/2010)


 “Para se contar histórias de pessoas, é preciso, antes de qualquer coisa, sentir a dor do mundo”. Foi pensando nisso que resolvi aceitar o desafio da jornalista Eliane Brum de não apenas gastar ou sujar os sapatos na construção de uma boa matéria, tal como sugerira um dos criadores do New Journalism, Gay Talese, ao escrever o livro "Fama e Anonimato", mas a lambuzar-se na lama da rua. E, num impulso quase incontrolável, resolvi abrir os olhos para o que sempre pode se tornar visível àqueles que querem enxergar para além de suas próprias vidraças ou telas de LCD. Fui, então, não apenas às ruas, mas às casas das pessoas aqui retratadas.

Deram-me licença e entrei. Tornei-me para essas pessoas, num curto espaço de tempo, uma estranha amiga. Esmiucei o que pude esmiuçar. Perguntei o que pude perguntar. Compreendi o que estava ao meu alcance e mergulhei em mundos dissonantes ainda em processo de restauração. Conversei com estranhos, estimulei saídas, ganhei amigos para até quando a vida permitir. Precisei ter fôlego para não afogar, mas, como uma boa foca que sou, consegui manter-me emersa. O resultado dessa tentativa é o livro-reportagem Na Busca dos Desaparecidos, a esperança ainda não morreu.

A narrativa tenta trazer a tona o que os meios de comunicação de massa não conseguem ou não podem fazer, por estarem presos a critérios superficiais na construção da notícia. Assim, procurei seguir os ensinamentos que Edvaldo Pereira Lima registrou na obra "Páginas Ampliadas": dei voz, corpo e alma a quem vive sem cara, nome e sobrenome na grande mídia brasileira.

Na Busca dos Desaparecidos, a esperança ainda não morreu relata um período da vida de três mulheres baianas: Edileusa, Lígia e Luísa.

Mães escondidas no anonimato da cidade, que sonham, como tantas outras, saber por onde andam os filhos desaparecidos. A narrativa revela semelhanças e diferenças de fatos que até hoje influenciam as vidas dessas mulheres. Todas têm em comum a pobreza, a falta de oportunidades e a esperança. Já os seus filhos têm em comum o mesmo que suas mães, com o acréscimo de serem todos portadores de transtorno mental.

Atenção: proibida reprodução total ou parcial do texto e imagens acima.

0 comentários: